quinta-feira, 21 de maio de 2009

A poligamia te soa como algo de um tarado que não sabe o que quer? Ou melhor, um tarado que tudo quer? Deixe-me lhe apresentar a minha opinião.
Depois de vinte e cinco anos de casada, creio eu que intimidade, respeito e amor são coisas que nunca me faltaram. Com apenas um abraço todos esses anos, juntos com todas as experiências são transferidos de uma pessoa para outra de forma muito singela e acolhedora. Uma sensação inexplicável se propaga, uma tranqüilidade me envolve quando tenho a certeza de que nada me fará infeliz ao lado do meu marido. Porém, a intimidade de nada serve se ao surgir, estraga a magia do mistério e da paixão incondicional. Nossas brigas assim como o amor, foram tornando-se mais fortes e sérias ao ponto de agora, eu viver com um completo estranho em minha casa, alguém que ao deita-se do meu lado, deixa-se com calafrios, com medo do próximo movimento que ele possa fazer.
Dentre tanta insegurança, surgiu diante de mim um homem no qual eu podia confiar, que me abraçava quando eu chorava para ele à respeito do meu marido. Um amigo que quando me via triste, falava de futilidades para focar minha atenção em algo menos mórbido que meu casamento. Com essa relação, o carinho e a admiração surgiram de forma natural, sem qualquer tipo de esforço vindo de ambas as partes, e algo mais forte do que a amizade sobretudo a razão, tomou conta de nós dois. Uma paixão absurda nos envolveu naquela tarde, e nada soava como traição ou algo ruim, ao contrário, parecia tão certo e devidamente alimentado por nós que nem a consciência fora capaz de encontrar defeito. Sorrisos, abraços e olhares mostravam um ao outro o respeito e a felicidade que prevaleciam no momento.
Ao voltar para casa, o estranho continuava sentado no sofá, mas desta vez me olhava com ternura, com arrependimento. Nós nos abraçamos forte e eu disse a ele que já não era mais o mesmo, que eu havia me casado com outro homem. Agora de forma fraternal, porém triste, sorriu, me olhou nos olhos e falou que desejava apenas minha felicidade. Neste momento, todas as lembranças, festas de família, banhos, tudo, passou em um flash e a nostalgia não em permitiu o estranho.
Lembra-se da poligamia do início? Esta é a minha. Amor eu príncipe e ao passado, esses dois seres me tiraram a potencialidade feminina de controlar os sentimentos e agora cabe exclusivamente a mim optar entre o amigo e o desconhecido.
A poligamia te soa como algo de um tarado que não sabe o que quer? Ou melhor, um tarado que tudo quer? Deixe-me lhe apresentar a minha opinião: excesso de amor.

Nenhum comentário: